terça-feira, 13 de outubro de 2009

Onde está meu irmão?


Hoje, ao entrar numa favela fiquei indignada com a indolência de alguns. Gente, como pode pessoas tão jovens, saudáveis físicamente, aparentemente saudáveis completamente, se deixarem vencer por essa miséria na qual se transformou a vida? Muita sujeira, mal cheiro. Uma visão horrível. E os adultos bem a vontade...parecia que nada tinha pra fazer... E as crianças? Ah, isso dói...as crianças passeando nas carroças cheias de lixo, dois cachorros e com certeza sonhos no coração.
Tenho certeza e até conheço algumas histórias de realidade difíceis mesmo...na qual não dá pra fazer muita coisa. Mas sabe quando vc percebe: aqui ninguém tá fazendo nada! Onde estão os homens dessa família? e as mulheres sensíveis, batalhadoras?...onde está o cheiro de feijão na panela...pq as crianças não estão na escola ou praticando esportes? Desde quando pobreza é sinônimo dessa imundície? Isso se chama: Indiferença! de Deus? Não! Errado! Dos Homens. Deles mesmos, de todos nós também. Eu tenho uma parcela de culpa, você tem. Todos nós temos. Não entendo como alguém pode se contentar com essa vida. Eles podem fazer tanta coisa pra mudar. Não podem? Será que estou errada? São eles que vêem seus filhos nessa situação. São os filhos dele ali. Sujos, discriminados, mal alimentados, sem assistência alguma.
Ah, isso não é probreza. Isso é falta de amor. Amor próprio. Amor ao próximo. Falo tudo isso porque acredito na capacidade deles tb de ganhar a mesma coisa que eu ganho. De batalhar da mesma forma que eu. Onde está a criatividade? a força de vontade? O querer? Temos uma força tão grande dentro de nós. Podemos tanta coisa. Acho que devemos despertá-los pra essa capacidade. Sempre culpamos o governo, a desigualde imposta. Certo. Temos lá esses motivos também de alguma forma contribuindo pra tudo isso, mas daí a aceitar e a viver de qualquer jeito se sentindo o menosprezado sem fazer nada pra mudar... Não entendo!
A simplicidade me encanta. Acho que é umas das coisas mais lindas na vida. Uma casinha simples, móveis simples...mas tudo cheirando a amor. Fotos das crianças brincando na praia espalhadas pelas estantes, cheiro de café no fogão, as frutas da estação na mesa ao alcanse das crianças, livros das bibliotecas espalhadas pela sala onde os jovens se encontram pra ler. A mãe estimulando seus filhos a sonharem e despertando neles o interesse pelos estudos, o pai dando o exemplo e buscando fazer cursos pra se aperfeiçõar (tem muitos gratuitos)..Porque não vejo nas ruas um jovem pedindo uma oportunidade de estudar? Que tal: Moça, será que você poderia me patrocinar um curso para aprender a fazer brinquedos artesanais, por exemplo. Ou então, professora, meu filho não tem livros, como podemos fazer pra ele não se prejudicar no aprendizado? É pq nao quero ver meu filho em cima de uma carroça catando lixo. Quero vê-lo estudando. Eu é que vou trabalhar, não ele. Eu é que vou colocar comida dentro de casa...e quando ele chegar em casa, depois da aula...a comida vai estar quentinha na mesa.
Eu não quero muita coisa material sabe? Porque não me interessa. Gosto de simplicidade. Mas quero ter uma casa, um carro, ter um plano de saúde, poder comprar meus livros, assistir alguma programação cultural regularmente, poder fazer uma viagem uma vez ao ano, comprar cds, me alimentar bem...Tudo na medida certa. Tudo que tenho direito. O excesso não quero porque acho o preço muito alto, mas quem deseja tb não condeno. É questão de gosto. Não faz diferença pra mim. Mas não lutar pelo básico? ah, tem alguma coisa errada, não é?
Levanta!
Desabafei!
Termino convidando a todos a pensarem um pouco. Onde está teu irmão? Vamos olhar mais pra eles. Vamos contribuir de alguma forma.
Com muiiito amor,
Jucimeire Paiva

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